Ficha de Inventário – Peças Móveis | |
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Identificação da Peça | |
Instituição / Proprietário | Aero Club de Portugal |
N.º de Inventário | A-0000112 |
Incorporação | Aero Club de Portugal |
Super-Categoria | Artes Plásticas |
Categoria: | Ourivesaria |
Sub-Categoria: | Relicários |
Denominação: | Relicário |
Título: | Relicário da Humílima e Eterna Desconhecida |
Imagem: | |
Descrição | Relicário composto por esfera armilar, em médio relevo, com representação de esmaltes (ouro no seu interior e prata nas armilas), sobre base quadrangular, envolto por dois ramos de louro e de carvalho postos em capela e unidos por laçaria. Tanto à destra como à sinistra é acompanhado por dois escudos de ponta, com representação de esmaltes, com bordadura de prata, campo de ouro, com uma representação da Cruz de Cristo, com as seguintes especificidades: representação da cruz em prata contendo no seu interior uma cruz grega de vermelho. Em plano superior escudo de ponta com as armas de Portugal, com representação de seus esmaltes, encimadas por uma águia como timbre. Em plano inferior encontra-se gravada uma palma (de Mártir). A estrutura encontra-se aparafusada nos cantos sobre uma placa de madeira de castanho. Contem as seguintes inscrições na plataforma quadrangular: no canto superior esquerdo “PERTENCE A TODOS OS AVIADORES, E MILITARES, DO AR, TERRA, E MAR. / AERO CLUB DE PORTUGAL. LISBOA – II-IV-MCMXXIV / MACAU – V-VI-MCMXXIV”; no canto superior direito “OFERTA DA SEMPRE HUMILIMA ETERNA DESCONHECIDA” e no canto inferior esquerdo “JOALHARIA DO CARMO – L(ISBO)A”. A esfera armilar funciona como tampa, que se abre para a sua direita, revelando um painel de prata gravado com um céu estrelado, com pedras preciosas e esmaltes encastoados, pontuando em plano central um rubi de corte oval, envolto por raios, sendo ladeado pela representação, em ouro e esmalte, relevado, do Sagrado Coração de Jesus e do Sagrado Coração de Maria, pontuando em plano superior uma estrela cadente, bem como inúmeras estrelas em redor de todo o conjunto. Em plano inferior é possível ler a seguinte inscrição: “SAGRADOS CORAÇÕES DE JESUS E DE MARIA, O MEU / HUMÍLIMO CORAÇÃO VOS ROGA QUE AMPAREIS SEMPRE / PORTUGAL E OS NOSSOS AVIADORES, LIVRANDO-OS DE TODOS / OS PERIGOS NO AR, NA TERRA E NOS MARES. E EGUALMENTE VOS ROGO PELOS AVIADORES / DE TODO O MUNDO// GLÓRIA PATRI, ET FILIO ET SPIRITUI SANCTO, SICUT ERAT IN / PRINCIPIO ET NUMC ET SEMPER, ET IM SOECULA / SOECULORUM. AMEN”. Legenda: / – Mudança de linha nnn// – Adição posterior à inscrição original n(n)n – Desdobramento de abreviatura |
Autor | |
Nome: | Em estudo |
Tipo: | Autor |
Ofício: | Ourives |
Produção: | Joalharia do Carmo |
Oficina / Fabricante | Joalharia do Carmo |
Local de Execução: | Lisboa |
Datação | |
Ano(s): | 1924 |
Século(s): | XX d.C. |
Justificação da data: | Datação inscrita na peça, juntamente com a inscrição da Joalharia e seus contrastes. |
Escola / Estilo / Movimento | Revivalismo |
Informação Técnica | |
Matéria: | Prata / Ouro / Pedras preciosas / Esmaltes / Madeira de castanho |
Técnica: | Ourivesaria |
Precisões sobre a técnica: | Prata fundida, repuxada, gravada e cinzelada |
Historial | 1921 – Após ajuda monetária de diversos entusiastas da aviação, designadamente Jardim da Costa, Pinheiro Corrêa e Bensabat, foi adquirido um Breguet XVI B2, que depois foi baptizado como “PÁTRIA”, tinha como fim efectuar a primeira viagem aérea entre Lisboa e Macau, que já vinha sendo maturada desde 1920.
1924, Inícios – O “PÁTRIA” foi preparado para o efeito na Amadora, mais precisamente nas oficinas do “Grupo de Esquadrilhas de Aviação República”, com tanques de combustível suplementares, sendo ornada com a frase “Esta é a Ditosa Pátria Minha Amada”, pintada na sua fuselagem. Seguiu-se, depois, subscrição pública, largamente difundida junto da população de Lisboa pelo Aero Club de Portugal, por entusiastas da aviação e, imagine-se, pelas actrizes dos teatros da capital, permitindo reunir os meios necessários para se pagar o combustível e os seguros necessários à realização de mais uma proeza aeronáutica dos portugueses: um raid aéreo entre Portugal (mais precisamente do Campo dos Coitos, em Vila Nova de Mil Fontes) e Macau. Uma viagem cheia de atribulações, que passou por Málaga, Oran, Tunis, Tripoli, Bengasi, Heliopolis, Rayak, Bagdade, Bushire, Bender Abbas, Chambar, Karachi, Jodhpur, Lahore, Ambala, Allahabad, Calcutá, Akyab, Rangoon, Oubom, Bangkok e Hanói antes da sua finalização em Macau. Infelizmente, o “PÁTRIA” acabou por se perder a meio da viagem, ao ter de aterrar no deserto indiano de Thur, ficando completamente danificado, em 7 de Maio. No entanto, logo a seguir, ficou-se a saber que a população portuguesa, por iniciativa do Aero Club de Portugal e do seu Presidente Cifka Duarte e com o apoio da Imprensa, havia reunido os valores necessários para a compra de um novo avião, de modo a que fosse concluída a viagem. Tratou-se de um Havilland Liberty DH-9A, comprado na Índia por 4700 libras e baptizado como “PÁTRIA II”, que permitiu, embora com novas mazelas, concluir a viagem. No total, entre 07-04-1924 e 20-06-1924, foram percorridos 16.380 Km, em 115 horas e 45 minutos de voo, inscrevendo-se heroicamente os nomes de Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel de Gouveia na história aeronáutica mundial. 1924, Junho – Provável período de oferta deste Relicário pela “Humílima e Eterna Desconhecida” ao Aero Club de Portugal enquanto entidade representante de todos os aviadores portugueses. Senhora da alta sociedade portuguesa, sempre se manteve discreta e preferiu o anonimato, apoiando as famílias desvalidadas de pilotos portugueses, inclusive nos funerais sempre que havia algum mártir. Pelas inscrições percebemos que este Relicário, que incorpora uma oração no seu interior, encontra-se intimamente ligado à história do primeiro Raid Aéreo Lisboa-Macau, funcionando como uma prece por Portugal e por todos os aviadores. 1927, 1 de Março – Publicitação de uma fotografia do Relicário na revista Ilustração, acompanhando fotografias do hidroavião Argos e de sócios do Aero Club de Portugal que iriam fazer a primeira travessia aérea nocturna do Atlântico Sul, com a seguinte legenda: “a placa de prata cinzelada oferecida à aviação portuguesa por uma senhora da primeira sociedade, que deseja e tem mantido um rigoroso anonimato”. 1961 – A “Eterna Desconhecida” concede uma entrevista, sob anonimato, a Mário Costa Pinto, que seria publicado neste ano na obra História Breve da Aviação Portuguesa: 1990/2000, décadas de – o Relicário, que sempre esteve exposto na parede de uma das salas das diversas sedes do Aero Club de Portugal é beneficiado com a aplicação de uma estrutura de acrílico formando expositor por forma a melhorar a sua preservação. |
Dimensões | |
Altura (mm) | Informação reservada |
Largura (mm) | Informação reservada |
Profundidade (mm) | Informação reservada |
Peso (gramas) | Informação reservada |
Conservação | |
Estado | Bom (2020) |
Especificações | 2019 (Outubro) Conservação: limpeza dos elementos em prata e madeira. |
Função inicial / alterações | Relicário |
Localização | Sede do Aero Club de Portugal – Sala de Memórias |
Exposições | Título Exposição permanente no Núcleo Museológico do Aero Club de Portugal – Sala de Memórias Local Sede do Aero Club de Portugal Data de Início Dezembro 2014 — Título Representação do Aero Club de Portugal e da Revista do Ar na Exposição de Turismo sobre Aviação Local Casino do Estoril Data de Início Julho 1950 |
Exposição de Turismo sobre Aviação no Casino do Estoril em Julho de 1950 | |
Bibliografia | Impressa
Título Actualidades, in Ilustração, n.º 29, de 01.03.1927, pág. 20 [fotografia do Relicário]
Autor Redacção Online Título: Vai além das estrelas, acessível em: https://www.lisboa.pt/atualidade/noticias/detalhe/vai-alem-das-estrelas/ |
Revista Ilustração | N.º 29, de 01.03.1927, pág. 20. |
Revista do Ar, n.º 51, de Dezembro de 1941, pág. 13 | Revista do Ar, n.º 142, de Agosto de 1950, pág. 27 |
Autor e Data Inventário / Revisão | Gustavo Almeida (GA) 20-10-2019 Revisão: GA 21-05-2020 |